17 de maio de 2022

A história do Porto de Santos em 10 imagens

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O Porto de Santos é o maior complexo portuário do Brasil, e também da América Latina, além de ser o porto que mais exporta o grão no mundo. Aproximadamente 94% das linhas internacionais, em frotas de containers, com rotas que incluem o Brasil, passam por escalas em Santos. Oficialmente, o Porto de Santos tem 130 anos, completados em 2022, mas as operações portuárias do local datam de 1540.

O café, tanto commodity quanto especial, é negociado, rebeneficiado (processo de inspeção e certificação de qualidade de acordo com os moldes das transações internacionais do produto), e transportado com origem no complexo portuário de Santos. 

Neste artigo, o PDG Brasil explora a trajetória cultural e econômica do Porto de Santos por meio de 10 fotos que retratam momentos da história do complexo portuário e informações cedidas pelo Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) e pela Santos Port Authority

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museu do café

1 – Vista do Valongo com a torre do relógio da Bolsa do Café (Museu do Café de Santos) 

Panorama geral

No complexo portuário de Santos giram os valores correspondentes a aproximadamente 1/4 das trocas mercantis brasileiras, cujas operações, em 2021, alcançaram números de cerca de US $135 bilhões, 27% do montante total do ano. 

O eixo do porto de Santos com São Paulo, capital, concentra o epicentro das operações mercantis nacionais e globais, de importação e exportação, cuja zona de influência compreende cinco Estados (MT, MS, GO, MG e SP), que refletem 51% do PIB brasileiro.

A participação de mercado do Porto de Santos corresponde a 81% dos transportes do café destinados ao território nacional, e a 76,4% do total de café exportado pelo Brasil. 

imagem histórica porto de santos

2 – Benedito Calixto – Praia e rampa do Consulado, 1882

O Porto e os conquistadores portugueses

A costa da ilha de São Vicente abrigava a primeira vila do Brasil, de mesmo nome, instituída pelo comandante português Martim Afonso de Sousa em 1532 (com protestos dos habitantes locais, os índios tupis, hábeis construtores de canoas e então o grupo cultural e linguístico mais populoso do país). 

Por conta das explorações cada vez mais frequentes de armadas espanholas, francesas e holandesas, além de ataques de navios piratas, a delegação portuguesa buscou um refúgio apropriado na região para proteger os navios. 

Esse foi o começo da história do Porto de Santos, pois na costa de S.Vicente (batizada como tal pelo navegador italiano Américo Vespúcio, que chegou à região antes dos portugueses) as condições geográficas não eram propícias para manter as armadas resguardadas de ataques. 

Santos foi preterida pela geografia, e por sugestão de Brás Cubas, o fundador da vila de Santos, pois lá havia o estuário (onde ocorre a transição entre rio e mar) Lagamar do Enguaguaçu, que, cercado de montanhas, oferece maior proteção. 

porto de santos história

3 – Obras para a construção da estrada ao porto de Santos, 1870

Entretanto existia outra razão para que os portugueses instaurassem o porto nessa área: uma das missões principais de Martim Afonso era monitorar o acesso ao Peabiru (“caminho aberto”, em Tupi), que conectava os litorais de São Paulo e Santa Catarina, com conexão ao Paraguai, Bolívia e Peru, cujas trilhas era usadas pelos nativos brasileiros e andinos para conduzir transações comerciais.

De porto das canoas tupis, a região tornou-se então o “porto das naus” dos conquistadores portugueses, que no século 16 introduziram o cultivo de cana-de-açúcar no país, e usavam o complexo para transportar as cargas do produto a Portugal. 

fundação porto de santos

4 – Weinschenck, o engenheiro chefe da construção do porto organizado de Santos e a pedra fundamental da obra

O Porto e Portugal

Nessa época, as cargas que deixavam os portos brasileiros eram destinadas apenas aos territórios da Coroa portuguesa, que também enviava mercadorias ao Brasil colonial.

O acesso ao porto foi facilitado no final do século 18, quando foi construída a estrada pavimentada que ligava Santos a São Paulo, através do caminho da Serra do Mar. 

A via, chamada Calçada do Lorena, passou a ser utilizada para o transporte dos grãos de café destinados à exportação a partir de 1795, e durante quase 70 anos foi o principal meio de ligação entre o Planalto e a Baixada. 

As obras de melhoria quanto a facilitação do acesso ao porto foram patrocinadas pelos primeiros lucros derivados do início da cafeicultura no Sudeste do Brasil, no século 19, fez com que o café superasse a mineração como a principal atividade econômica do país.

Como o Brasil já era independente da coroa portuguesa, os rendimentos das operações de exportação não mais deixaram o país, como acontecera com o açúcar, ouro e minérios. 

porto de santos

5 – Chegada do café para embarque no Porto de Santos, 1928 

O Porto e o café

O porto de Santos é um dos pilares mais importantes do mercado cafeeiro do Brasil atual e historicamente.

Do século 16 ao final do século 19, o Porto de Santos era estruturado de forma rudimentar, e a data da inauguração oficial remete à primeira concessão do Porto a investidores privados, com a fundação da Companhia Docas de Santos (CDS), em 02 de fevereiro de 1892. 

Da construção dos primeiros 260 metros do cais aos tempos atuais, o Porto de Santos se estabeleceu como o maior do Hemisfério Sul.

exportação de café

6 – Embarque de café pelo Porto de Santos, 1928

Foram os rendimentos derivados do ciclo do café que patrocinaram os investimentos que promoveram a expansão econômica do estado de São Paulo nos últimos dois séculos, o que incluiu a cidade de Santos e a zona portuária da região. 

mulheres do café

7 – As catadoras de café nos armazéns de beneficiamento próximos ao Porto – Mostra “As Mulheres do Café”, Museu do Café de Santos

O planejamento urbano da cidade previa a instauração de ruas e praças, cassinos e teatros, edifícios e pavimentos, de acordo com as tendências da arquitetura da época. 

Santos passou a refletir a importância do mercado do café, e em 1922 foi construída a primeira bolsa de negociação exclusiva para café no Brasil, a Bolsa do Café, que hoje abriga o Museu do Café do estado de São Paulo. 

cidade de santos

8 – Panorama visto das montanhas do Monte Serrat, que dão vista ao terminal portuário, 1928

O Porto e a industrialização 

Em 1859, os chamados “Barões do Café”, ou os empresários líderes do segmento, co-patrocinaram junto ao governo imperial a construção de uma estrada de ferro, meio mais eficaz – e moderno – de conectar São Paulo ao Porto de Santos. 

Inicialmente considerada uma obra difícil por conta dos 800 metros de altitude espalhados em 8 quilômetros de extensão da serra do Mar, a Estrada de Ferro São Paulo Railway (ou Santos-Jundiaí) foi inaugurada em 1867. 

A partir daí, a produção de café, e de outras mercadorias oriundas do estado de SP, passaram a ser transportadas ao Porto em cerca de quatro horas.

Com a formação de capital derivado da indústria de produção e exportação de café, a economia brasileira se fortaleceu de forma a catalisar o investimento que deu origem ao ciclo da industrialização, no início do século 20.

Em 8 de novembro de 1980 termina a concessão dos serviços portuários à Companhia Docas de Santos. A administração portuária retorna para o Governo Federal, por meio da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp). Nessa época, a Companhia mantinha o monopólio das operações portuárias no Porto Organizado.

santos cidade porto

9 – Vista aérea de parte do complexo adjunto do Porto de Santos

O Porto e a globalização

A recém-completa transição para a dominância da movimentação por containers impulsionou a expansão para a margem esquerda do estuário, no município de Guarujá.

A partir de 1993, foi promulgada a Lei de Movimentação dos Portos, que introduziu a inclusão de terminais de uso privado (TUPs) para operação de cargas. 

As companhias passaram a investir na infraestrutura do complexo portuário, cujos processos  passaram, em 2013, a serem centralizadas em Brasília. Em 2019, a Codesp foi rebatizada como Santos Port Authority, com o objetivo de reposicionar a marca internacionalmente.

Em 130 anos, o índice de produtividade do Porto de Santos aumentou mais de 600%. No começo do século 20, quando o complexo se tornou o primeiro porto organizado do Brasil, se levava em média um mês para que um navio completasse os processos de carga ou descarga, atualmente se conduz tais operações em aproximadamente 12 horas. 

10 – Vista atual do Porto de Santos

Um lugar que respira a história do país, o Porto de Santos é também um ícone quando se estuda a trajetória do café no Brasil. Sua estrutura e sua evolução contribuíram muito para que o país alcançasse o posto de maior produtor e exportador de café no mundo. 

Por ali, entre aquelas ruelas antigas, que agora são pavimentadas e bastante movimentadas, passaram muitos grãos que se destinaram a países de todo o planeta. 

Créditos: Imagens gentilmente cedidas pelos acervos do Museu do Café (Theodor Preising e arquivo), Santos Port e Santos Brasil (imagem contemporânea do Porto com containers), WIKIMEDIA COMMONS (quadros de Benedicto Calixto). 

PDG Brasil

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